sexta-feira, 27 de abril de 2007

Física e Literatura

A literatura e a física habitam o mesmo ambiente cultural.Não só a literatura influencia a física, como vice-versa. Servem-se de uma língua comum, de imagens e metáforas comuns. Porque a física vive de metáforas poderosas.” - in A Imagem da Física na Literatura, de KLAUS R. MECKE, professor do Instituto de Física Teórica, em Stuttgart, Alemanha.



A Física...

DEUS NÃO JOGA AOS DADOSAlbert Einstein





Subtil é o Senhor, de Abraham Pais - Breve história sobre a vida científica e pessoal de Einstein escrita pelo mais conceituado dos seus biógrafos, Abraham Pais, um homem que com ele conviveu.



E=mc2




A natureza e as leis da natureza jaziam escondidas na noite; Deus disse: Haja Newton! E fez-se luz. –Alexander Pope

Os quarks, partículas que entram na composição do átomo, devem o seu nome a James Joyce, um célebre romancista irlandês.

"O universo é um colchão maleável por excelência."- Dennis Overbye




e a Literatura

"Um homem propõe-se a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de montanhas, de baías, de naves, de ilhas, de peixes, de habitação, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem de seu rosto." Jorge Luiz Borges



Cosmicómicas, de Ítalo Calvino
Ítalo Calvino mostra-nos nesta obra que a ciência pode conhecer o mundo, mas não lhe confere um sentido. Questões importantes como a Vida e a Morte estão fora do seu alcance. Precisamos da imaginação, da fantasia e dos mitos para dar um sentido à Natureza e ao Homem.








Madame Curie, de Eva Curie

Eva Curie traça a história de vida de sua mãe, uma mulher simples, que muito sofreu. Podia ser uma história banal, se essa mulher não fosse Madame Curie. A sua grandeza de alma e a força do seu carácter fizeram dela uma lutadora em prol do progresso e do bem estar da humanidade. Consagrada com dois Prémios Nobel, o mundo está -lhe eternamente reconhecido.




ODE TRIUNFAL
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
..........................................
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão
E pedaços do Alexandre Magno.........................................
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes
volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.


Fernando Pessoa




MÁQUINA DO MUNDO
O universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.

Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.
António Gedeão


VERSOS DE ORGULHO
O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e desdém!

Porque o meu Reino fica para Além!
Porque trago no olhar os vastos céus,
E os oiros e os clarões são todos meus!
Porque Eu sou Eu e porque sou Alguém!

O mundo! O que é o mundo, ó meu amor?!
O jardim dos meus versos todo em flor,
A seara dos teus beijos, pão bendito,

Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços...
São os teus braços dentro dos meus braços:
Via Láctea fechando o Infinito...


 - de Florbela Espanca



COR
A cor, o que é afinal? Energia, no essencial.
É emissão de fotões, é um salto de electrões,
absorções, emissões, ou também interacções
entre a luz e a matéria. Pode ser sublime, etérea.
Ela é interferência é período, é frequência
ela é excitação, e logo desexcitação,
ela é inspiração na paleta do pintor.
Afinal o que é a cor?
É o vermelho de Almada? É o azul de Chagall?
Seja ela tudo ou nada, a cor é fundamental.
Seja no azul do mar, que às vezes é cor de breu,
seja no azul do céu ou no verde de um olhar,
seja no roxo dos montes, seja no cinza das fontes,
nas searas amarelas, perturbantes de tão belas,
seja no verde das plantas, no colorido das mantas,
seja em janelas, portadas, seja em telhados, fachadas,
em azulejos, vitrais ou em tantas coisas mais,
a cor é fundamental.

O que é a cor afinal? Energia, no essencial.
 - de R. Gouveia




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